Apresenta: CDL 65 anos Estapar
A biblioteca, com altos índices de empréstimo, mostra como o Minas se abre à pluralidade da cidade. O Letra em Cena é, para mim, a tradução desse compromisso
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Conheci o Minas nas páginas do magnífico romance "O encontro marcado", de Fernando Sabino, que li antes de me mudar para Belo Horizonte. Sou de São João del-Rei e cheguei à capital em 1976 para estudar jornalismo. No livro, o Minas surgia como cenário onde o protagonista – alter ego de Sabino – praticava natação. Para mim, o Clube já era um personagem literário.

Na década de 1990, tornei-me sócio. Desde então, vejo o Minas com uma das instituições mais queridas e respeitadas do Brasil. Sólido, confiável, enraizado na vida social, esportiva e cultural de BH. Ao longo de nove décadas, formou gerações de atletas, revelou talentos e difundiu o esporte como um dos pilares para a construção de uma sociedade mais saudável e educada.

Sempre foi um polo de encontro das famílias mineiras, onde cabem todas as idades, onde a convivência se faz de respeito e amizade. Nos últimos anos, com o Centro Cultural, esse espírito se expandiu ainda mais. A biblioteca, com altos índices de empréstimo, mostra como o Minas se abre à pluralidade da cidade.

O Letra em Cena é, para mim, a tradução desse compromisso. Desde 2016, o projeto valoriza a literatura em língua portuguesa e foi acolhido com entusiasmo pelo Minas. Tenho autonomia para convidar escritores, professores e pesquisadores renomados, para debater grandes nomes de nossa literatura. 

Guardo na memória o dia em que homenageamos a obra-prima "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa. A palestra emocionante do professor Antônio Sérgio Bueno, entrelaçada à leitura do ator Odilon Esteves, transformou aquele encontro em um instante mágico!

Nestes 90 anos, desejo ao Minas que persevere em sua trajetória de sucesso, fortalecendo vínculos com a sociedade. Que saiba cultivar seus valores ao mesmo tempo em que se move para novos desafios, contribuindo para a construção de um ambiente social cada vez mais democrático e inclusivo. 

José Eduardo Gonçalves, 67 anos, jornalista e sócio