Cada dia que passo aqui dentro me leva de volta à infância, ao balanço de madeira, ao gramado onde fazia as aulas do Professor Macedo, e o tempo parecia passar sem pressa. Enquanto meu pai, Hélcio Nunan, escrevia sua história no esporte de Minas Gerais, eu desenhava a minha com as travessuras de menino que o acompanhava nos treinos.
Meu pai foi um incansável, um gigante. Técnico e jogador da seleção brasileira de vôlei, trabalhou até os 92 anos. Seu legado me encontra em cada canto. Dias atrás, encontrei cartas do Clube, datadas das décadas de 1950 a 70, agradecendo pelos títulos que ele trouxe ao Minas.
É impossível caminhar por aqui sem tropeçar na memória. O Minas é um álbum vivo da minha história e da minha família. Encontro amigos do meu pai, atletas que dividiram quadra e sonhos, e as meninas do vôlei que cresceram comigo e me deram bons cocões na infância. Lembro dos pais que só deixavam as filhas viajarem se minha mãe, Dona Rosa, fosse junto, e ela ia.
Foi aqui que conheci minha esposa, Gracy, e onde Anna Paula e Bruna deram os primeiros e mais importantes passos no esporte. Aqui fiz muitos amigos.
Há sete anos, assumi a gerência de suporte administrativo educacional. Costumo brincar que o Minas é minha cachaça, uma paixão que me alimenta. Viver o Clube é aprender sobre escuta, sobre partilha, sobre convivência.
Hoje, ao cuidar desse lugar, entendo melhor o que meu pai sentia. Sigo os passos dele com humildade, tentando retribuir, com trabalho e amor, tudo o que o Minas nos deu. Porque, no fim, continuar por aqui é, de algum modo, manter viva a história que ele começou a escrever.