Minas Tênis Clube
Foi um momento mágico voltar ao que chamo de minha antiga casa, o Minas Tênis Clube, e reviver momentos da juventude e de infância

O tênis está presente na minha vida, no meu DNA. Gosto de brincar que eu só não nasci numa quadra por um mero detalhe, considerando que minha mãe, Elza Patusco, jogou até o 7º mês de gravidez. Ela foi campeã mineira de primeira classe e meu pai, Barnabé Raimundo Vaz de Carvalhais, também foi tenista. Ambos ganharam muitos torneios numa época em que nem existia a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP). Eu me sinto privilegiado, pois trabalho com o que mais gosto de fazer: dar aulas de tênis. 

Não me vejo fora da quadra. Foram 33 anos participando da formação de atletas no Minas Tênis Clube. Bruno Soares, Marcelo Melo, André Sá, Pedro Braga, entre tantos outros, tiveram aula comigo e conseguiram bolsa para estudar nos Estados Unidos, assim como minha filha Natália. Participei de três Sul-americanos adultos, duas Copa Davis, um Pan-americano e um Mundial Juvenil, de 1971 a 1976. Logo depois, comecei a dar aula, porque queria ter minha independência financeira. Naquela época, as premiações do tênis não pagavam bem.

O tênis é um esporte educativo e solitário. Aprendi a jogar com cinco anos de idade. Pegava uma raquete de adulto, punha debaixo do braço e lançava a bola contra um paredão que ficava a poucos metros da quadra do Minas, onde meus pais treinavam. Para me ajudar, meu pai cortou o cabo da raquete para eu apoiar melhor a mão. Conto essas memórias no meu livro “Neneco – Uma paixão pelo tênis”, lançado no Café Cultural do Clube. 

Foi um momento mágico voltar ao que chamo de minha antiga casa e reviver momentos da juventude e da infância. Costumava sair de casa a pé, na rua Ceará, ou do colégio Dom Silvério, descer a rua Tomé de Souza para ir ao Minas. Esse trajeto era diário e, durante muitos anos, eu passava praticamente o dia todo jogando tênis e me divertindo no Clube.

Roberto Carvalhais, o Neneco, 71 anos, tenista e professor