Eu não me esqueço da primeira vez em que vim sozinho ao Minas Tênis Clube. Era 2004, e Adriana, minha esposa, não pôde estar comigo. Confiei no Clube e em mim mesmo. Entrei, nadei, caminhei pelos corredores. Sem tropeços, sem barreiras. A cada passo, sentia-me respeitado e acolhido, tanto pelo espaço físico quanto pelos funcionários do Clube.
Nasci com glaucoma e, aos 15 anos, comecei a perder a visão. Antes disso, fiz aulas de natação e me encantei com os bailes de Carnaval daqui. Ainda guardo na memória as formas do trampolim e da piscina redonda, mas hoje minhas referências são outras: são os sons – o eco das vozes e das águas. São os cheiros, as texturas e os toques que moldam as imagens vivas que construo do Minas.
Aqui, caminho com a liberdade de quem está em casa. Desde aquele dia de 2004, nunca mais precisei de companhia para vir. Já vim sozinho com minha filha Lira, quando ela era pequena, e posso garantir: a verdadeira acessibilidade começa nas pessoas. Não basta uma rampa ou um corredor largo, é o calor humano que derruba as barreiras invisíveis. E, nisso, o Minas é um exemplo. É um lugar onde me sinto seguro e respeitado.
Hoje, Lira tem 11 anos e é faixa azul no judô. Eu sigo nadando e treinando na Academia, corro no grupo de corrida ao lado do meu guia Emerson, também membro do grupo, que virou um amigo para a vida. Aliás, amigos aqui nunca me faltam.
Sou escritor, e o Clube é também um lugar de inspiração. Espero lançar meu próximo livro aqui, onde esporte, lazer, cultura e acessibilidade se encontram lindamente. O Minas é parte viva da minha história!