Minha mãe, Francisca, dava voz aos bingos de Campina Grande, na Paraíba. Minha avó, Ângela, empurrava botijões de gás pelas ruas da cidade. Mulheres fortes, que se desdobraram para que eu e meu irmão, Makoto, pudéssemos sonhar com o tatame. Não havia dinheiro, mas havia coragem e a vontade de que desse certo. Treinávamos de graça, sustentados pelo esforço delas, até que, aos 14 anos, o Minas Tênis Clube mudou a minha vida para sempre.
Desde os 6 anos, carregava comigo o desejo de ser profissional do judô. Mas cada passo foi uma conquista arrancada do impossível. Para que eu competisse, minha avó costurava faixas de judô e as vendia na academia. Era com esse dinheiro simples, mas cheio de amor, que eu e meu irmão seguíamos adiante.
Vieram as vitórias, as derrotas, o aprendizado. Vieram também o reconhecimento e a chance de vestir o quimono do Minas, onde me dedico por inteiro. Já são 11 temporadas de entrega, títulos, amadurecimento e transformação. Aqui, me tornei atleta, integrante da seleção brasileira, cidadão.
O Clube foi e continua sendo o grande capítulo da minha história. Mudou a vida da minha família: minha avó pôde, enfim, se aposentar; minha mãe e meu irmão seguiram rumo ao Japão. E eu sigo vivendo a cultura do atleta trabalhador, que se levanta todos os dias em busca de superação.
Desejo que o Minas nunca perca sua essência de abrir portas, realizar sonhos e transformar vidas. Eu sou prova viva de que isso é possível.