O Minas Tênis Clube salvou a minha vida emocional duas vezes. Foi aqui que, mesmo em meio à dor, aprendi que a vida insiste em florescer. Todos os dias, o Clube me dá a chance de enxergar que a vida segue, mesmo quando o corpo adoece, quando o luto pesa, quando há mais dias nublados. Foi aqui que encontrei forças e alegria para me reerguer.
Sou sócia há 31 anos e, em 2005, enfrentei um câncer. Precisei retirar a mama, reconstruir o corpo e, mais difícil ainda, reconstruir a autoestima. Foi aí que decidi desacelerar no trabalho e passar a frequentar o Minas todas as manhãs. Comecei a jogar vôlei e fui salva pela primeira vez pelo Clube.
Aqui fiz amizades verdadeiras, ouvi histórias tão intensas quanto a minha e entendi que ser mulher está na força, na escuta, no abraço. Vi que o fato de ter uma mama reconstruída fazia parte da minha história e não me impedia de ser feliz.
Quis retribuir. Organizei, com outras amigas, um encontro sobre o câncer de mama. Começou com um churrasco entre 20 mulheres. Deu tão certo que virou o Esporte Rosa, um dos maiores eventos femininos do Minas, hoje com cerca de 300 participantes e a presença de oncologistas, pacientes de todas as idades e da diretoria do Clube. A gente fala da doença, sim, mas fala com leveza, porque o câncer não precisa ser levado com tristeza.
A segunda vez que fui salva foi há um ano e meio, quando fiquei viúva. Achei que o chão não voltaria mais, mas o Programa Minas Tênis Solidário (PMTS), as amigas, o vôlei e o beach tennis me ajudaram, mais uma vez, a me reerguer. Há três anos, sou diretora socioambiental do PMTS e passo meus dias aqui, devolvendo ao Clube um pouco do que ele já me deu.
O Minas é esse lugar raro que exala e salva vidas. Com essa energia, é capaz de reerguer quem está por um fio. Para estes 90 anos, o meu desejo é que essa corrente de cuidado abrace ainda mais pessoas, porque quando a solidariedade encontra espaço, a vida sempre dá um jeito de recomeçar.