Há mais de 20 anos, vivi, no Minas Tênis Clube, um dos episódios mais marcantes da minha trajetória como médica e como ser humano. Guardei essa história em silêncio, sem me enxergar como protagonista dela. No entanto, neste momento simbólico para o Clube, sinto que é hora de compartilhá-la, porque ela mostra o quanto o Minas é um provedor de saúde para a alma e para o amor ao próximo.
Era uma manhã de domingo. Estava no Minas II, na piscina, com meu marido, Joselito Nogueira, e nossa filha, Sophia, de 4 anos. Uma inquietação me levou a sair da água e caminhar até a área coberta. E ali, o acaso, ou algo maior, me aguardava.
Vi um senhor andando, aflito. De repente, ele caiu no chão. Havia sofrido uma parada cardíaca. Eu, anestesista; meu marido, urologista. Corremos até ele e começamos a massagem cardíaca. Logo chegou o paramédico do Clube, com um carrinho de emergência que mais parecia um pequeno pronto-socorro, de tão completo.
Ele pediu que nos afastássemos, mas expliquei a gravidade da situação e disse que precisava ajudar. Era como se a vida tivesse me conduzido até ali, no lugar certo, na hora exata. Intubei o paciente, ali mesmo, no chão. Improvisei um CTI à beira da piscina, com a ajuda de uma fisioterapeuta que surgiu como um anjo. Mantivemos aquele coração batendo por 40 minutos, até conseguirmos uma vaga no CTI da cidade. Ele sobreviveu. Mais tarde, soube que aquele homem era médico, psiquiatra.
Por anos, segui anônima. Certa vez, ouvi um colega contar, admirado, a história da médica que salvou um homem no Minas, sem saber que falava de mim. Sou grata a essa história, que reafirma o meu compromisso com a medicina e com a vida. O Minas é, sim, um lugar de lazer, de esporte, de encontros. Mas, naquele dia, foi, acima de tudo, um lugar de vida, de cuidado e de milagre.