Enfrentava o luto pela morte do meu pai quando tive meu encontro com o Minas Tênis Clube. Era 2018, e eu fazia toucas de crochê para aquecer pacientes oncológicos durante o frio das quimioterapias. O Minas se somou a esse gesto e foi além: aqueceu o coração de crianças que enfrentam o câncer e incentivou pais e mães a confeccionarem as toucas como uma nova fonte de renda.
Mesmo sem ser sócia, sou voluntária pelo Minas Tênis Solidário. Vejo um clube que olha para fora de seus muros e estende a mão. Com fios e afeto, passamos a ensinar mães e pais, que muitas vezes vêm do interior, a tecer esperança dentro do Hospital das Clínicas. Enquanto cuidam dos filhos em tratamento – um processo que pode durar anos –, descobrem também um alívio para a alma.
Aprendi a fazer toucas quando meu pai enfrentava a doença. Tricotar era meu respiro. Mais tarde, tornou-se ponte. Compartilhei essa história com Ana Paula Sales e, desde então, estamos juntas com o Minas, repassando nosso conhecimento. O Clube doa o material e, semanalmente, estamos no HC ensinando os acompanhantes dos pequenos com câncer. Já surgiram bolsas, tapetes, sonhos costurados à mão.
O Minas preencheu meus dias de luto com esse propósito de levar esperança a quem precisa. As oficinas são espaços de escuta, afeto e reconstrução. É emocionante ver o brilho no olhar de quem recebe não só lã, mas também cuidado. O Clube honra a vida, seja no esporte, na arte ou na solidariedade. E, por tudo isso, desejo que esses 90 anos se multipliquem em muitos outros de amor ao próximo.