Comecei a jogar tênis no Minas Tênis Clube aos cinco anos. Com a raquete sob o braço e roupas brancas, atravessava a pé os jardins do Palácio da Liberdade, numa época em que as grades eram invisíveis e os sonhos, imensos. Sete décadas se passaram, mas aquele menino nunca deixou a quadra do Minas. O que começou como um esporte se refletiu na minha formação como pessoa e me presenteou com um amor por este Clube.
Meu pai foi sócio, eu sou, meus filhos também e agora meus netos seguem pelos mesmos corredores. Aqui nasceram as primeiras quadras de tênis de Belo Horizonte, e guardo com carinho na memória as minhas primeiras aulas de tênis com o professor Gagetti e com Guido dos Santos, um boleiro de origem simples que, com um estilo admirável, tornou-se o maior jogador de Minas Gerais.
O Clube sempre foi nossa segunda casa. Hoje, aos 76 anos, ainda piso na quadra com a mesma alegria do menino de antes. Sextas e domingos, às seis da manhã, faça chuva ou sol, aqui estou. Meu parceiro “oficial”, Fernando Zaidan, divide as quadras comigo há 25 anos e tem um significado muito especial nesta trajetória.
Quando viajo, sinto falta da vitalidade que o Minas me proporciona e do espírito esportivo que ensina que, na vida, há vitórias e derrotas, e ambas nos engrandecem. O Clube se modernizou muito. Na minha infância, as chuvas costumavam interromper a prática do tênis por períodos prolongados; hoje, com as quadras cobertas, isso não acontece mais.
BH é privilegiada por ter o Minas. É um lugar onde vou e volto a pé, leve como um menino. Minha carteirinha me acompanha e é o símbolo do orgulho de fazer parte dessa história de 90 anos.